Diagnóstico do Setor Financeiro

Sindicatos levam problemas dos Bancários ao Presidente da República e aos Grupos Parlamentares

 

O “Diagnóstico do Setor Financeiro” foi esta terça-feira entregue a mais um Grupo Parlamentar pelos seis Sindicatos dos Bancários – MAIS, SIB, SBN, SBC, SinTAF e STEC –, com o objetivo de sensibilizar as entidades políticas para a difícil situação laboral e social de trabalhadores e reformados.

Prosseguindo as ações conjuntas decididas no âmbito do impasse na revisão salarial para 2024, MAIS, SIB, SBN, SBC, SinTAF e STEC estiveram reunidos, dia 23 de julho, com o grupo parlamentar da Iniciativa Liberal, naquela que foi a quinta ronda a entidades oficiais, depois dos grupos parlamentares do Partido Socialista, do Chega, do Partido Comunista Português e das assessoras do Presidente da República (aguarda-se agendamento pelos restantes partidos com representação parlamentar e outras entidades oficiais).

O objetivo destas audiências é alertar para a necessidade de ação política, de forma a pressionar o setor bancário a modificar comportamentos e atitudes a de prepotência. Os Sindicatos têm destacado a crítica situação laboral dos bancários e a dependência incompreensível das atualizações das pensões dos reformados em relação aos Bancos.

 

Diagnóstico do setor Financeiro

O documento “Diagnóstico do Setor Financeiro”, elaborado e pelos seis Sindicatos e divulgado em junho, revela a difícil situação dos bancários, tendo sido enviado ao Presidente da República e aos grupos parlamentares, juntamente com os pedidos de audiência. Nestas audiências, estes Sindicatos – que representam mais de 90 mil bancários, ativos e reformados – têm esclarecido dúvidas e particularizando dados que contribuem para uma completa descrição do que está em causa.

A realidade da classe infelizmente não é nova e nas últimas duas décadas tem vindo a deteriorar-se. O número de bancários no ativo reduziu-se drasticamente, não reforma naturais, mas por rescisões por mútuo acordo e despedimentos, como nos casos do BCP e do BST, que apesar dos enormes lucros, impuseram cortes significativos.

 

Salários…

Nos últimos anos, a banca tem registado milhões e milhões de lucros, que aumentam a cada trimestre – em 2023 o aumento da sua rendibilidade foi de 15,1%, superando a média europeia (10,9%) e a de Espanha (12,6%), e vão entregar aos acionistas 1,3 mil milhões de euros, o dobro de há um ano.

Em contraciclo, os aumentos salariais dos bancários têm estado sempre abaixo da inflação, verificando-se uma perda efetiva de 7,3% do poder de compra dos trabalhadores e dos reformados.

Os profissionais bancários, que há duas décadas se encontravam entre os grupos de rendimento médio, atualmente encontram-se no lado oposto da tabela, e muitos bancários têm mesmo remunerações ao nível do salário mínimo, apesar de a maioria ter habilitações académicas elevadas, com licenciaturas e mestrados.

 

… e condições de trabalho

Mas os problemas não se restringem à questão remuneratória, já de si bastante grave.

As Instituições de Crédito têm alicerçado o seu crescimento na contínua degradação das condições de trabalho, uma realidade que afeta transversalmente todos os Bancos. Entre os diversos atentados aos direitos dos trabalhadores, destacam-se:

  • Assédio laboral;
  • Pressão para aceitar rescisões “por mútuo acordo”;
  • Estabelecimento de objetivos irrealistas;
  • Deficiente conciliação entre trabalho e vida familiar;
  • Crescimento da “cultura do medo”, que leva os trabalhadores a não registar as horas extraordinárias;
  • Recrudescimento de casos de burnout;
  • Falácia da digitalização, que apenas serve para reduzir o número de trabalhadores, já de si deficitários, com impacto negativo na qualidade de serviço bancário prestado;
  • Incremento do trabalho precário através de outsourcing, que diminui o número de trabalhadores bancários, mas mantém a necessidade de trabalhadores no setor bancário.

 

A importância fulcral e decisiva do setor financeiro para a estabilidade económica e financeira do país exige esta denúncia da situação – que afeta não só os trabalhadores, mas também a população e as empresas – que MAIS, SIB, SBN, SBC, SinTAF e STEC assumem, na expectativa de contribuir para alterar a inaceitável situação laboral dos bancários que representam.

 

23/07/2024

Leia aqui o COMUNICADO